domingo, 9 de janeiro de 2005

A Mulher do Metro - Parte I

O dia estava a correr bem. Apesar de so ter roubado 4 pessoas naquela tarde, quis a sorte que a sua carteira estivesse bem recheada: Ja tinha feito mais de 4 mil Rublos, o que era bem mais do que o normal. Pensei que so levaria mais uma e depois ia para casa.
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Espero pelo metro, apinhado como sempre, e ponho maos ah obra. Eis que quando me sento, perto duma gorda cuja bolsa era meu objectivo, ela passa, a custo pelo meio da gente. Fiquei abismado com sua figura. Tinha cabelo louro, que ciam pelos ombros. Uma casaca de cabedal preto muito simples e elegante e uns jeans azuis, que estavam cuidadosamente arregacados pelos tornozelos, deixando ver as botas pretas de salto alto de palito. Tinha olhos verdes, e apesar de ter todas as caracteristicas de uma russa, algo me dizia que nao o era.
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Consciente do quao charmoso eu poderia ser levantei-me e aproximei-me dela. Olhei-me no espelho, parecia um jovem adulto de familia abastada. A desconfianca das pessoas em relacao a nos esta sempre ligada com a nossa imagem. Nao se iludam, eh verdade. De facto, estava a tornar-me rico, cada vez mais. Tinha dinheiro suficiente para me aguentar por alguns tempos, mas queria continuar ate ter dinheiro suficiente para poder comecar qualquer coisa e deixar esta VIDA. 10 anos a roubar em Moscovo, vivendo sem luxos podem fazer-nos amealhar muito dinheiro.
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Tentei fazer com que olhasse para mim, para lhe lancar um sorriso timido, daqueles com que ja tantas mulheres encantei. Contudo, seu olhar triste so apontava o chao, mirando-o como se de algo muito importante se tratasse. Aproximei-me mais ate poder sentir o seu perfume. Hugo Boss, Dark Red, seguramente. O tempo passado em perfurmarias buscando carteiras de velhas ricas que nao sabem o que fazer com seu tempo, fez com que ganhasse certas aptidoes olfactivas. Eis que chegamos ah proxima estacao, e penso que seria optimo para, com a "migracao" das pessoas para dentro e fora da carruagem, me poder aproximar mais um pouco. Qual nao eh o meu espanto quando vejo que tambem deseja sair. Passa mesmo ah minha frente, perto de mais e nao consigo resistir e, 5 segundos depois tenho sua carteira debaixo de meu braco.
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Apesar de estar mais do que acostumado a estas coisas, aquele roubo fez-me sentir estranhamente nervoso. Tive de me sentar no banco, ao lado da gorda de novo. O meu coracao batia aceleradamente, sentia-me quente da cabeca aos pes.
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Passados 10 minutos o comboio voltou a parar e apesar de nao saber exctamente onde estava, sai, precisava de ar fresco, mesmo que esse ar estivesse a menos 5 graus centigrados, como era o caso. Por sorte sai na paragem perto da Praca Vermelha. Atravessei-a e fui ah Pizzaria ao lado do MacDonalds, precisava comer qualquer coisa. Quando chego, apos ter pedido e pago o que ia comer, sento-me. Respiro fundo a abro a carteira. Nao encontro nenhuma fotografia de um suposto namorado, o que me alegra um pouco. Encontro mais de 100 euros em dinheiro mas nao lhes toco. Tinha razao, nao era russa, era finlandesa. Laura Laamanen era seu nome. Procuro um pouco mais e encontro o que queria, um documento com sua morada. Agora tinha de pensar numa maneira que parecesse fruto do acaso para a encontrar... [continua]