segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mortal - 5

Domingo. Um Domingo diferente, finalmente! Não vou passar as secas do costume. Acordo com o pensamento orientado sabemos todos para onde. Levanto-me, tomo banho, visto o robe e, com uma caneca de café, contemplo a paisagem de Nieuwe Adelaars, ou New Eagles, para quem fala Inglês. Hetwestenland, ou Westland, foi uma colónia da América Central ocupada pelos ingleses e holandeses. Conseguida a independência no início do século, hoje é um país bilingue, sendo que metade fala inglês, outra metade neerlandês.

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Passo a tarde no ginásio e no café com Arie, um amigo de longa data. Essa mesma tarde passou custosa e penosamente. Apesar das conversas até serem divertidas e os lugares confortáveis, parece que conseguia contar cada minuto passar, via o ponteiro mexer-se com uma lentidão incrível, e nada havia que eu pudesse fazer. Por outro lado, e isso é o mais estúpido, ao mesmo tempo, a cada hora que passava, desejava estar na hora anterior. Claro que, no fundo, era porque estava nervoso, receoso, mas disfarçava estes sentimentos perante mim mesmo, dizendo-me que apenas queria voltar uma hora atrás para fruir mais do melhor de todos os momentos, o da antecipação, esse momento em que tudo corre bem, em que tudo tem tudo para correr bem.

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7 da tarde. Despeço-me de Arie, a quem contara o que se passava, e vou… dirijo-me ao Vrijheid, Freedom, para os ingleses. Vou a pé, e a chuva não perdoa, pelo que tenho de subir a gola da gabardine e enterrar um pouco mais o chapéu na cabeça. As estradas estão cheias de carros que buzinam, nervosos, perante a imobilidade. Pessoas caminham rapidamente, vindas de não sei onde, indo imagino, para casa, onde… não chove. Avisto ao fundo o bar onde me encontrarei com ela. Abrigo-me num parapeito, procuro um cigarro no bolso da minha gabardine, e fumo descontraidamente (pois sim…), fazendo algum tempo. Não quero chegar e ela não estar lá. Prefiro que seja ela a primeira a chegar. Nada tem a ver com o estilo que tanta gente apregoa ter, o facto de se chegar um pouco atrasado. Simplesmente não quero ter de me sentar e massacrar-me, minuto após minuto, com dúvidas acerca da sua vinda.

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Entro. O café, com as paredes completamente revestidas a madeira, instrumentos musicais pendurados nas paredes e tecto, apresentava-se com muito fumo, mas apesar disso, agradável. Várias pessoas conversavam, sentadas nas poltronas que rodeavam mesinhas baixas cheias de pontas de charuto. Penduro o chapéu e a gabardine no bengaleiro e peço ao barman um gim tónico.

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Volto-me, encostado ao bar, e vejo a porta abrir-se. Aparece. [continua]

4 comentários:

Anónimo disse...

E deixas uma pessoa nesta expectativa toda?!... :P

Marta disse...

Oh bolas, agora que eu estava a ficar entusiasmada! :)

S. disse...

Não me parece nada bem que deixes uma pessoa assim... para quando o desenvolvimento?!

Cati disse...

E depois, e depois?? LOL
Apressa-te com a continuação - just can't wait!
Beijinhos!