sábado, 3 de setembro de 2005

A Mulher do Metro - Parte III

Observei-a descer a rua lentamente, passo atrás de passo. Fiquei com a sensação que toda a gente por quem ela passava a olhava de lado, como se lhe desejasse algo de mau. "Deixa-te de paranóias" - pensei, mesmo antes de chegar alguém, um homem alto e magro com cara de mau, que dum momento para o outro lhe agarra o braço com violência. Vocifera algo que não percebo enquanto a agita freneticamente. Por um lado sinto o ímpeto de fazer alguma coisa, por outro, gosto de ver a maneira como ela lida com aquilo. Não lida, simplesmente! Permanece impassível, olhando para a frente, ele (penso) chama-lhe nomes e ela não responde. Até que ele desiste e a larga, indo embora.
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Passa a mão no cabelo e segue em frente, como se nada tivesse acontecido. É aqui que me assusto outra vez ao pensar ir falar com ela. E se ela me trata como aquele homem, me ignora completamente. Nunca lidei com esse tipo de humilhação... Ainda um pouco confuso, começo a caminhar na sua direcção.
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Ao chegar ao mesmo lado do passeio onde caminha, o mundo ao redor lentamente esvanece. Só tenho olhos para as suas linhas, caminhando lenta e sensualmente. Todo o tipo de pensamentos me sobem à cabeça, imagino-me com as mãos nas suas ancas, o seu corpo quente e nu a balançar-se sobre mim, seus mamilos... Bem, pára! Controla-te! Sacudo a cabeça e mantenho-me como se fosse uma pessoa qualquer.
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Apresso o passo, reduzindo a distância e começo a sentir o seu perfume, Deep Red, mais uma vez. É neste momento que cruza uma esquina. Eu faço o mesmo passados 5 segundos e já não a vejo. Entro em pânico quase instantaneamente, perdi-a. Olho em volta, até que ouço, num russo com sotaque:
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- Vais dizer-me o que queres duma vez por todas ou tenho de chamar a polícia? - a voz, que não preciso dizer ser sua, vem da minha esquerda, da entrada para o prédio que faz a esquina. O seu ar é de zangado, estou nervoso e sinto o meu corpo todo quente. [continua]

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