- Então e tinha de estragar uma noite tão perfeita? – pergunto, com um sorriso.
- Alguém tinha de ser o valente aqui, certo?...
- Bem, pois pode, se quiser, continuar a ser “o “ valente, e decidir o nosso destino… – sugiro.
- Sabe que mais?... Vamos deixar ser o destino a decidir-se a si próprio… – sei que não vem nenhuma boa notícia dali. Aquele olhar está carregado de mistério. Afasta-se um pouco, uma vez que estávamos ambos debruçados sob a mesa, roda, e chega a sua carteira. Tira o seu porta-moedas, de onde tira uma moeda. Começo a perceber.
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- Eu vou mandar esta moeda ao ar. Se cair caras, fazemos o que queremos fazer. Se cair coroa, fazemos o que devemos fazer. – ok, era o que tinha antecipado. Não vejo grande propósito, uma vez que se não fizermos hoje, aquilo que queremos fazer, e nos encontrarmos, por exemplo, amanhã, fazemo-lo amanhã, ou depois… vejo que ainda não acabou. - e eu levanto-me, você paga a conta, e nunca mais fazemos por nos ver. – não me mexo. Estava, como referi, debruçado sob a mesa, com os braços apoiados na mesma, olhando a minha musa deliciar-me. Assim permaneci, impassível. Estava à espera de tudo, menos daquilo. E não queria aquilo. Num segundo penso que isso seria o melhor para mim, ainda não era tarde demais, ainda nada tinha acontecido, ainda não tinha entrado por nenhum caminho de que me pudesse vir a arrepender. Mas foda-se, quem é que quer sempre o que é melhor para si? O pior é que, toda aquela imagem que lhe tentei fazer passar, dum homem autoconfiante e sempre seguro, misterioso, poderia cair por terra se eu dissesse, simplesmente que não queria arriscar. Ou seja, perdia na mesma. Só havia uma solução. Ela permanece calada, com as pernas cruzadas, encostada para trás. Tiro um cigarro do maço e acendo.
- Está apostado!
Ela olha-me nos olhos uns 5 segundos, coloca a moeda em cima do dedo indicador, e num movimento repentino com seu polegar, a moeda voa acima das nossas cabeças. Os nossos olhares não se afastam. Todavia, à medida que a moeda sobe no ar, sobe com ela a minha adrenalina, e o meu medo de perder algo que achava estar a começar a ter. Ouço o som metálico da moeda bater na mesa, abafado pela grossa toalha branca, com uma ou duas manchas de vinho tinto. Baixo o olhar. Coroa. Consigo vislumbrar alguma desilusão no seu olhar, muito disfarçada. Ela levanta-se, não me olha, põe sua carteira debaixo do braço, e sai. Ouço o barulho dos seus tacões ecoar no restaurante quase vazio, enquanto olho a moeda, morta, na mesa. “Puta do caralho, quem é o próximo palhaço com quem ela vai gozar?” – Não consigo pensar noutra coisa. Não sou nenhum menino, mas sinto-me perfeitamente manipulado. Quando penso, desde sempre tudo aconteceu como ela queria que acontecesse. O primeiro cigarro, o café, o jantar. Sorrio com o pensamento de que não me sentiria surpreendido se a moeda tivesse duas faces iguais. Peço mais um whiskey, e bebo-o ao longo de uns pensativos minutos. “Que mulher” – obviamente os pensamentos que correm na minha mente não são plenos
- Leve-nos a um hotel que ache que gostamos. Não somos de cá…
9 comentários:
delicioso...adoro surpresas
Desculpa o vernáculo, mas FODA-SE!!! e depois?!?
Hihihihi...
Voltas e reviravoltas... estás a empatar...
Queremos mais, mais, mais...
ui ui...
Mas que grande aventura!...
Beijo grande
fui para aki enviada por um rapaz ke tu conheces , e como sou muito obediente aqui estou :)
parabéns pelo livro
beijo*
parabéns pelo livro! vou ler as histórias todinhas!
À conta do Ailaife vim cá parar. Acho que é a primeira vez que coloco um comentário num blog que nunca antes visitara.
É que apesar deste branco sobre preto que ao fim do dia de trabalho, me dá cabo dos olhos e dessas letras miudinhas de alguns post abaixo, que me dão cabo das lentes de contacto, eu realmente, não consigo parar de ler.
Parabéns! E o meu obrigada ao Ailaife
Eu já sei que passar aqui e ler as tuas "estórias", resulta sempre em ficar com "água na boca"...por mais;)
Voltarei, claro...pois isto continua.
Grande abraço
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