quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Por Pouco Pecado - Parte 10!

Warm Sound – Zero 7

When It Falls – Zero 7

The Space Between – Zero 7

Look Up – Zero 7

.
Desta feita deixei-a entrar primeiro. Vejo-a, do lado de fora, caminhando ao longo do estreito corredor do quarto. Olha à sua direita, deixa o casaco deslizar pelos seus braços, e lança-o para a cama. Separam-nos uns 5 metros. Os segundos que demoro a entrar, sinto-os como decisivos. Se quando nos encontrámos no Vrijheid, ou quando fomos jantar, tínhamos alguns destinos à disposição, fomo-nos libertando da maior parte, sendo que agora tudo estava reduzido a uma certeza. Bem, uma quase certeza, o que quer que isso seja, já que com quem estava, aprendera que certezas…
.
O quarto do hotel é agradável. Sinto-me quase como parte dum roteiro temático de Nieuwe Adelaars, pois desde o Vrijheid até ao hotel, passando pelo restaurante, o estilo vai sendo o mesmo. Tiro o meu casaco, e lanço para cima do seu. Olho para ela. Está sentada numa cadeira em frente a uma enorme varanda que nos mostra a cidade, na mão um copo com alguma bebida que tirara do mini-bar. Trocamos um olhar, olhámos os casacos, e trocamos um novo olhar, desta vez acompanhado de um sorriso mordaz. “Que comparação estúpida”, penso. O quarto tem apenas uma cama, e do seu lado esquerdo vejo uma aparelhagem e uma coluna com cerca de uma centena de cd’s. Copiados. Encontro When it Falls, Zero 7. Deixo a tocar, e começa a viajar pelo quarto Warm Sound, a primeira faixa. Ambiente perfeito.
.

Abro o mini-bar, tiro uma pequena garrafa de Martini Roso. Arrasto para o seu lado uma cadeira. Acendo um cigarro. Com o olhar pregado nas luzes tremeluzentes da cidade, sem olhar para mim, estende o braço direito, pedindo um. Acendo o meu, dou duas passas, e passo-lho. Tiro outro para mim.
.

- A cidade é fantástica, não é? – pergunta-me. Levanto-me da cadeira, fecho as cortinas e volto-me a sentar.
- Sem dúvida.
– ela sorri. Dá uma passa do cigarro, levanta-se, vira-se, e senta-se em cima de mim, suas pernas ao meu redor. Deixa escapar o fumo para o lado. Apago o cigarro na beira da cadeira e deixo-o cair ao chão. Preciso das mãos desesperadamente. A imagem que tenho perante mim é avassaladora. Sinto suas pernas com ambas as mãos, subo seu fino e delicado tronco. Sinto, com os polegares, ao de leve, os seus seios. As mãos continuam a subir e sinto sua nuca, que massajo. Ela deixa a cabeça cair para trás e arrepia-se um pouco. Levanta o seu braço, faz o seu cigarro chegar aos meus lábios. Baixa a cabeça, olha-me bem fundo nos olhos.
- Tu vais ser o meu Theodoor! – diz-me. Agora são os seus dedos na minha nuca, que me puxam para os seus lábios. Damos um longo beijo. Penso. Consigo separar as nossas bocas.
- Tu vais ser a minha Godelieve – respondo. Não sei porque pensei nesse nome, mas agora tenho como a chamar no meu pensamento. Levanto-me. Ela não saí do meu colo, permanece, abraçada a mim, as pernas como fortes âncoras, os braços à volta do meu pescoço. Reparo que, se fui desleixado, ela muito mais, pois nem se dá ao trabalho de apagar o cigarro, antes de o mandar para a alcatifa beije, que agora terá uma recordação nossa. Estou de frente para a cama. Deixo-a cair, quase violentamente na mesma. Vejo, no ar, os seus cabelos em desalinho, que caem sob a sua cara, tapando-a quase completamente. Vejo apenas uns lábios, que me chamam. Tiro a minha camisa, ficando de tronco nu. Toca When it Falls, a música. Acalma-me duma maneira que não consigo descrever. Ela, ao ver que me libertara da minha camisa, faz o mesmo. Tirando sua blusa. Vejo um soutien, que desaparece no momento seguinte. O que tenho perante mim é a imagem que tantas vezes na minha mente vagueou, desta vez tornada realidade. Os seios não são grandes, mas apetecíveis. Caem em perfeição com todo aquele corpo e rosto maravilhoso. Deito-me ao seu lado. Os beijos saltitam entre a língua, seus mamilos, pescoço. Num instante estamos nus. Ela faz-me rodar, fica em cima de mim. O seu longo cabelo toca na minha face. As minhas mãos passeiam nas suas costas. Sinto com prazer as linhas perfeitas que desenham o seu tronco. Estou calmo, muito calmo, apesar do meu coração bater descompassado com o meu estado de espírito. Tudo é perfeito, e nada mais existe nesse momento, o mundo sou eu… e Godelieve. Dança um pouco em cima de mim, solta uns gemidos baixinho, à medida em que nos tocamos. A sua mão direita desliza pelo meu tronco abaixo, acaricia-me um pouco e, com um jeitinho, somos um, perfeitamente. Sinto o quente que me transmite, a paz que me dá. Toca The Space Between, e ela mexe-se devagarinho, baixando-se de seguida para me beijar.
.

Hoje, passado o que passou, continuo-o sem saber quando começou… naquela festa, em que a vi. Quando lhe dei o primeiro cigarro, e abraçou as minhas mãos… quando demos, no táxi, o primeiro beijo… ou quando, neste hotel, o nosso hotel, nos excedemos pela primeira vez.
.

Começa a tocar Look Up. Impossível não acompanhar o ritmo. Decido tomar controlo. Faço-nos rodar, e agora sou eu quem… dança. Vou entrando e saindo em si, ao longo de vários minutos, beijos são dados, ferradelas, sorrisos, mentiras ditas ao ouvido, daquelas mentiras que ambos sabemos que o são, mas que têm de ser ditas.

.

Quando o cansaço toma conta de nós, e quando ambos já subimos repentinamente, para lentamente descer, paramos. O cd deu a volta, e a primeira música apresenta-se outra vez.
Rodo a cabeça, vejo as horas no relógio da aparelhagem e não acredito ser tão tarde. Chamo o meu pulso, cujo relógio confirma a assustadora verdade.
.

- Tenho de ir.

- E agora?... – pergunta-me. Está deitada de barriga para cima, ao meu lado, o lençol tapa-a, a cabeça repousa no travesseiro. Vou para lhe dar o meu número de telefone, quando, com o dedo indicador frente aos lábios, me faz calar. – Quero voltar a ver-te. E sei que ti queres voltar a ver-me. A única maneira que temos de o fazer com perfeição é se não soubermos nada um do outro. Quando quisermos falar um com o outro deixamos uma mensagem no Vrijheid. – de início não percebo o que quer dizer, mas pensando um pouco recordo-me do quadro que tem no bar. Um quadro grande, onde pessoas de todos os tipos deixam mensagens, seja a criticar o governo, a dizer o quanto gostam do bar, ou para comunicar com alguém com quem não têm coragem de falar. Enfim, há de tudo…

.

Vou-me vestindo, e pensando no que disse. Não encontro grande sentido em não trocarmos o número, mas não me importo de alinhar.

- E tu? – pergunto, preparado para sair.

- Podes ir, não te preocupes comigo.

Pego no casaco, debruço-me na cama, damos um beijo, e saio. A pior parte agora… chegar a casa e enfrentar-me no espelho…

2 comentários:

S. disse...

zero 7 faz destas coisas! lol

Mal consigo esperar para saber o que vai aparecer escrito naquele quadro...

Silvia Madureira disse...

Convido à visita do post intitulado "Carolina" no meu blog.
beijo