terça-feira, 15 de julho de 2008

Ter alguém comigo seria bom. Olho ao redor, e vejo os outros com algo que não tenho para mim. Pessoas riem, conversam, e eu rio, eu converso. Mas este pensamento, e este estranho sentimento de solidão permanece dentro de mim, a relembrar-me da sua existência, da minha existência… solitária. Saio para fumar um cigarro. Olhar à volta e ver apenas caras a sorrir fazia-me sentir como a parte errada num momento Kodak.

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Acendo o cigarro e viajo para trás.

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- Tudo, e tu? – minto, a alguém que passa com três canecas de café na mão e me pergunta como estou.

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Dou uma passa e viajo para trás. É-me difícil assimilar este sentimento de solidão. Sinto-me destreinado, como um menino que se esqueceu como se lê determinada frase. Não me sinto bem, e não tenho ninguém a visitar-me. Apenas a soma destas duas frases me permite perceber que aquilo que sinto é solidão. Quando tento explicar,… ou quando tentava, quando ainda no sub-mundo, explicar a alguém o que era isto de não saber o que se sente, ninguém me percebia. E eu não percebia o porquê de não perceber o meu interior. Muita heroína a destruir as percepções de emoções, muita ressaca a destruir a vontade de as ter. Agora sei, ou começo a saber, que antes da heroína, veio a dor, e antes da dor, não veio nada. Apenas eu apareci para a abraçar e a deixar dentro de mim. Cego, pensei que algo que escondia a minha dor me traria alguma paz. Cego, percebi que me deixou a 4 centímetros do abismo.

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O cigarro acaba e tenho de voltar para dentro. Olho o céu. Está bonito. Não está frio, e por isso liberto-me da minha camisola. Este sou eu, e nada mais. Rodo nos calcanhares e vejo a porta que me trará de volta a uma espécie de mundo real que, espero, um dia me receberá como um igual…

2 comentários:

pedro disse...

A realidade muitas vezes pode ser bem pior que um pesadelo..

Jacinta. disse...

a realidade nem sempre é o que gostariamos e pode ser bem dura. *