terça-feira, 1 de abril de 2008

Abandono

Sparta – Echodyne Harmonic

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Não sei que preciso fazer mais para ser ouvida… Será que a única maneira possível de ser ouvida é calar-me para sempre? Imagino, contemplo a hipótese, que sei que nunca vou realizar. Não sinto as forças necessárias, e sinto sempre, estupidamente, eu sei, que algo vai mudar. Mas nunca muda, nunca muda. As pessoas não se chegam a mim. Permaneço no meu canto, que criei há anos e existe apenas dentro de mim, o meu canto que me separa de toda a gente, onde posso fantasiar que a parede que me separa do mundo foi criada por mim.

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Mas não foi. Sempre me entreguei em demasia… ou melhor, durante muito tempo me entreguei em demasia. Entregava-me a toda a gente, não da forma sexual que sei que tanta gente queria, mas entregava-me de alma e coração a todos, dando toda a ajuda que acreditava ser necessária… não sei se o fazia para que depois retribuíssem, hoje em dia questiono tudo em mim, ou se o fazia em demasia, acabando por afastar as pessoas de quem mais gostava. Odeio-me por isso, por ter desempenhado o único papel no meu isolamento de tudo e de todos. E odeio as relações humanas, por ninguém perceber do quanto preciso, e sempre precisei, de alguém que me estenda a mão,… e por permitirem que uma pessoa seja deixada ao abandono apenas por se preocupar…

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