quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Westland Story Twenty-One

Quando abro os olhos, vejo a sala inundada pela luz natural. Não dormi em casa. Dou uma olhada ao telemóvel e vejo 6 chamadas não atendidas e umas quantas chamadas. Creio ser inevitável vê-la voltar à mesma condição de há umas semanas atrás, ao seu modo de “incrivelmente zangada”, e sinto o quanto não me apetece ir para casa. Pensando bem, acho que a vou ver mais zangada do que alguma vez vi. Tem razão, mas que posso fazer?...

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Rodo o pescoço, e percebo que me encontro sozinho. No lugar do seu corpo vejo um colchão vazio, onde posso ver, escrito com, parece-me, batom vermelho “Dia 21”. Não faço ideias das horas a que espera que nos encontremos, ou do local, mas não quero pensar tanto neste momento. Olho para o relógio, 6h30, dia 10. Onze dias antes que a possa voltar a ver? Entra dentro de mim uma sensação desconfortável, como se começasse a esperar por esse dia a partir desse mesmo segundo. Visto-me. Sinto um sabor não tão agradável na boca, e bebo uma taça de champanhe quente.

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O dia de trabalho passa facilmente. Encontro-me numa posição em que posso escolher o trabalho que posso fazer. Ao longo do dia, ia pensando se deveria tentar contactar Godelieve, para quem sabe marcar um encontro numa data mais próxima. Não me seria difícil fazê-lo, mas percebo rapidamente que o mais indicado seria esperar. Não consigo perceber bem onde ela quer ir com a nossa relação, e parte de mim receia que o que lhe interesse seja o desafio, a surpresa, e o controlo. Apenas o controlo me incomoda um pouco. Não porque esteja desesperado por o ter, mais por ser inversamente proporcional aos seus outros dois interesses. Devo desafiar esse controlo, para assim a surpreender. Todavia, se a contacto tentando arranjar um novo e mais próximo encontro, pode ver em mim alguém desesperado, e já completamente apanhado. O que a pode levar a desistir.

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Estes pensamentos vagueiam pelo meu estar ainda quando vou para casa. Caminho, fumo um cigarro, e vejo-os passear por mim, sem me transmitirem grande certeza acerca seja do que for. São meras hipóteses, meras cartas, ou trunfos, que devo guardar, sem sequer saber se estou, ou não, a fazer bluff.

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À medida que me aproximo do meu prédio, preparo-me para ver uma cara perfuradora. Entro em casa. Ela não está chateada. Sorri e diz que percebe se tive de trabalhar até tarde. O meu espanto é enorme, mas sinto-me felizardo. Mas este estado ainda melhor, quando me diz que me preparou um banho de imersão.

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Entro no elevador. O cenário seria demasiado irreal e até aborrecido. Perderia todo o respeito que ainda tenho por ela se assim me recebesse. Fica, contudo, na minha mente, aquele banho de imersão, a ouvir John Coltrane. Entro em casa. Não está, ainda assim, tão zangada como imaginaria. Parece-me mais leve.

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- Olá, tudo bem? – não sei bem o que responder. Não estou tão habituado a este comportamento imprevisível.

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- Hum… – não chego a articular alguma palavra que se perceba. Tampouco tenho tempo. Volta a pegar no discurso.

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- Olha, como fazes parte disto, acho que devias saber que nos vamos divorciar, e que vou ficar com o nosso filho!

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- O quê? – não me vejo, mas sinto a fúria ascender ao meu olhar. Não me interessa se sou eu que estou a fazer toda a merda, não me interessa se é ela quem tem o direito de ficar com o nosso filho. A única coisa que me interessa é que não o vou deixar, e que vou puxar de todos os cordelinhos possíveis para que isso não aconteça…

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- Não tens muita opção, por isso não te ponhas a dizer que vais lutar por ele e não sei quê… – diz, calmamente. Não sei se está mesmo calma, ou a controlar-se – É que tenho provas que me andas a trair! – dispara. Apenas algumas palavras, mas que me atingem em cheio e me deixam a pensar em como é que tem provas…

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- Hã?... Provas, que provas?... Eu…

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- Não preciso muito. Tu vais acabar de o admitir. Diz-me. Andas a trair-me, não andas?... – confunde-me a sua atitude. Não sei se por estar cansado, se por me sentir derrotado com as suas palavras, se por tudo junto, deixo-me cair para trás, afundando-me no sofá. As palavras deslizam vagarosamente…

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- Não te estou a trair… mas ando a dormir com outra mulher…

1 comentário:

Anónimo disse...

Re(leio) mais uma "estória", continuando com este "vício" agradável de por aqui passar. No entanto, hoje, não consigo evitar dizer que últimamente quando olho para o meu leitor DVD me lembro de ti :)))))) ehehehehe, épá...tu és mesmo parecido (a avaliar pelas fotos do outro blog)com o Dr. Gaius Baltar ahahahaha...aquele que tem uma relação "muito...." com aquela loiraça, a Number Six!!!(Série Galáctica)
Não sabes do que estou a falar pois não?....Queres que mande uma foto? :))))
Desculpa lá jovem, mas hoje estou destravado;)

Grande abraço....mas olha que és mesmo parecido com o gaijo:)